E mais uma vez outro ano se finda. Pra mim, que aqui estou começando no fim, a sensação de começo no trabalho se mistura com a conclusão de ano. Uma sensação meio estranha...
Como todo começo tem aquele "gás", também não falta entusiasmo pra avaliar o que sempre retorna a acontecer nas festas de fim de ano. Como é sabido, as indústrias e o comércio multiplicam a sua produção neste época de modo a suprir a imensa demanda gerada pela população que não teve a oportunidade de consumir o que almejaram o ano todo. Afinal, dezembro também é época de 13º e esse dinheiro recebido tem que circular de alguma forma: esta forma é chamada de compras natalinas. Isso inclui todos os artefatos comumente usados em nosso cotidiano: eletrodomésticos, roupas, calçados, brinquedos da criançada e, naturalmente, bebidas alcoólicas.
O consumismo de bebidas vem há anos caminhando ao lado da instrução-clichê: "beba com moderação", no entanto essa tentativa de disciplinar o povo a não encher a cara toda vez que bebe parece não ter dado muito certo: tenho a impressão de que as pessoas desejam sempre uma saciação com proporções muito maiores do que elas realmente necessitam, e isto acontece em quase tudo. Como esta instrução deve ter dado errado - porque muitas pessoas continuaram se matando nas estradas -, inventaram a tal "lei seca".
Não estou dizendo que deveria haver uma lei seca para o consumo das bugigangas que todo ano a gente renova, já que a do ano passado perdeu a graça.
Nós vemos em toda parte "beba com moderação", mas jamais veremos "consuma com moderação". Pelo menos não nos meios convencionais de publicidade. E isso é uma pena, porque assim como o consumo excessivo de álcool entorpece a gente ao ponto de colocarmos em risco a vida dos outros, os bens que adquirimos também estão extraindo a vida - "invisível" - do planeta. É sempre válido dizer que o problema nunca está no consumo, mas na má compreensão do que é necessário e do que é excesso. O exagero é sempre a pior droga, o pior entorpecente. Exagerando, sempre se mata, mas algumas coisas se mata visivelmente e outras invisivelmente(leia-se sem ter consciência).
Os recursos naturais, o próprio equilíbrio natural requer certa moderação de nossa parte. Pois além da extração que é o começo do ciclo, nós muito bem sabemos onde vai terminar este ciclo com todas as bugigangas que já "não prestam pra mais nada".
É ótimo que haja estes outros meios convencionais em que podemos publicar livremente: "consuma, mas consuma com moderação".
É isso aí galera, que a nossa conclusão do calendário seja um pouco mais moderada.
Ótimas festas e até o ano que vem!
Forte abraço!
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