segunda-feira, 18 de maio de 2009

O pichador e a árvore!


Políticas pela preservação da Água&Floresta - Ivy


Ontem aconteceu uma coisa comigo que me fez refletir muito.... Parecia uma besteira no início, mas me incomodou tanto que até virou mote para meu post!


Estava eu no Parque Vitória Régia neste domingo, em Bauru, aguardando o início do show da Sandra de Sá na Virada Cultural. Parque lotado, muitas famílias, crianças correndo, barraquinhas de comidas e bebidas, galera do malabares, enfim. De repente vejo um rapaz jovem, asiático, bem vestido, com uma mochila cheia de latas de spray, agachado ao pé de uma árvore. O que ele fazia? PICHAVA A ÁRVORE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Fui falar com ele questionando o que ele fazia e que aquilo era nocivo para a árvore, que ela era um ser com vida e ele não podia fazer aquilo! Ele justificou dizendo que passou um selante antes e que não apresentava risco algum à árvore! Na hora avistei o prefeito de Bauru, que por sinal tem toda sua carreira construída no ambientalismo, e o chamei para que tomasse providências. Ele conversou com o rapaz, disse que aquilo não mataria a árvore, mas que existiam muitos paredões no parque que poderiam ser usados com aquela finalidade.


O rapaz terminou de desenhar um símbolo de infinito na cor pink e deixou o local. Eu fiquei ali, passada com o que tinha visto e com as expressões "selante" e "não mata". Falo muito com os meus alunos a respeito da visão antropocêntrica que temos do meio ambiente, como se o ser humano fosse superior a tudo o que é natural. Nos últimos tempos, muitos tentam mudar essa percepção para uma visão ecocêntrica, ou seja, a Terra é nossa casa e precisamos cuidar desse espaço que nos oferece TUDO, inclusive nos dá possibilidade de VIDA. Mas toda a história de ontem confirmou como esse nosso antropocentrismo se sobrepõe a tudo o que nos é oferecido nesse mundo, GRATUITAMENTE.


A atitude do rapaz, justificando o uso do selante antes de pichar a árvore, demonstra sua total falta de sensibilidade com a vida daquele ser. A represália no tom de "não mata, mas é proibido", também me parece antropocêntrica, pois o impedimento daquela ação era uma lei (feita pelo ser humano), e não a vida! De fato, o Código Sanitário de Bauru (Lei 3.832, de 30/12/94) proíbe em seu artigo 44 "riscar, borrar, escrever e colar cartazes" em vários patrimônios públicos, e no inciso I fala "árvores de logradouros públicos".


Eu tenho um motivo para chamar a ação do rapaz de PICHAÇÃO e não GRAFITAGEM, como ele argumentou. Respeito muito a arte do grafite, mas como arte penso que ela deve ser embuída de respeito. Já a pichação é um ato de vandalismo, e para mim, intervir daquela forma em uma árvore é sim VANDALISMO!


Quem se preocupa com o lançamento de toneladas de lixo nos rios? Com os esgotos e poluentes químicos matando a vida aquática? Quem se importa com uma árvore, num parque público lotado, e com sua beleza natural? Um dia, todos aqueles que não se importam com nada além de seus UMBIGOS vão precisar se lembrar de toda a beleza que outrora podia ser vista em todo canto. E vão chorar ao perceber que o único VERDE que restou foi o das cédulas de dinheiro, conquistadas DENTRO DAS LEIS DO HOMEM, totalmente em desacordo com AS LEIS DA NATUREZA!


Em tempo: a imagem que ilustra este post mostra um exemplo inteligente e respeitoso de misturar grafite e árvores!

Um comentário:

Érika disse...

Ivy isso que vc presenciou só vem afirmar o que temos falado...falta Educação p a população no geral,pessoas acham que tudo é permitido que tudo é livre...para nada tem consequências p essas pessoas...por isso tem hora que mexer no bolso de um infeliz desse é valido...pois infelizmente é o único jeito de faze-lo parar p refletir e ver o mal que cometeu...por isso a educação ambiental tem que vir cada vez mas com força e determinação.
Òtima reflexão esse seu texto.
super beijo e até ja..rs