remando contra maré
Não poderia aqui deixar de comentar o Encontro dos Povos do Cerrado, o qual participei representando o Vidágua. Mais de mil representantes de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, ambientalistas e acadêmicos marcaram presença e fizeram barulho em Brasília, chamando a atenção (pelo menos!) para a devastação do Cerrado.
As grandes questões colocadas, que inclusive noticiei no boletim do Vidágua, foram como se livrar das ameaças do agronegócio? como garantir a sobrevivência dos povos do Cerrado? a dignidade das populações tradicionais? como produzir sem devastar o bioma? O Grito do Cerrado, realizado no Dia Nacional do bioma, 11 de setembro, evidenciou estas questões em uma caminhada da esplanada dos ministérios até o Congresso nacional, não fomos recebidos pelos políticos, mas alertamos a sociedade e a casa de leis para a situação do bioma, através da Carta dos Povos do Cerrado e fizemos pressão (ainda que simbólica) para incluir o Cerrado como patrimônio nacional na Constituição, a exemplo dos biomas Amazônico e Mata Atlântica.
Duas informações que tive durante o evento me deixaram perplexas: O ritmo de desmatamento do bioma chega a ser 3 vezes superior ao da Amazônia, enquanto as queimadas no Cerrado exercem tanto ou mais influência no aquecimento global do que as que ocorrem na Amazônia, mas nem a sociedade nem o governo, nem a mídia, se atentam para esse fato. Ministrei uma oficina durante o evento para comentar a representatividade do Cerrado na mídia e buscar maneiras, propostas de colocá-lo em evidência, o que rendeu boas discussões. Para se ter uma idéia, no ano de 2007, o Cerrado foi pauta principal (ou seja, o assunto central) em apenas 3 matérias no jornal O Estado de S.Paulo, enquanto a Amazônia teve 40 publicações específicas. Um desparate! não desmerecendo o bioma amazônico, mas o que está acontecendo é um total desprezo pelo Cerrado e pela sua rica biodiversidade - que inclusive, durante o evento, foi evidenciada na grande Feira dos povos do Cerrado que expôs e comercializou alimentos, cosméticos, fitoterápicos e artesanatos feitos através do pequi, do buriti, do babaçu e do jatobá, para citar poucos exemplos.
Bom, é fato que precisamos dar atenção ao Cerrado e garantir a sobrevivência de seus povos. Uma das frases mais ditas durante o evento ilustra toda a situação: "O Cerrado é de quem mora, e não de quem explora".
Vamos começar por aqui, preserve e respeite o Cerrado!
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
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