segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lista suja

Meio ambiente e trabalho: Empregadores entram para a lista suja da escravidão

A Cosan, uma das maiores processadores de cana-de-açúcar do mundo, entrou para a "lista suja" do trabalho escravo. A inclusão da gigante sucroalcooleira e de outros 11 empregadores envolvidos em flagrantes de escravidão foi confirmada nesta quarta-feira (31) pela atualização semestral do cadastro mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).A fiscalização que resultou na inclusão da Cosan na "lista suja" ocorreu em junho de 2007, na Usina Junqueira, em Igarapava (SP). Na ocasião, 42 trabalhadores foram libertados da unidade da Cosan. Dona da rede de postos Esso e detentora das conhecidas marcas de açúcar União e Da Barra, a companhia faturou, com todos os seus negócios, cerca de R$ 14 bilhões em 2008 e emprega 43 mil pessoas no período da safra. Ao todo, a Cosan possui 23 unidades produtoras - 21 em São Paulo e duas em construção, uma em Jataí (GO) e outra em Caarapó (MS) -, quatro refinarias e dois terminais portuários.A Usina Junqueira foi incorporada pela Cosan em 2002 e tem capacidade para a moagem de 16 mil t por dia e produção de 24 mil sacas de açúcar e 900 m³ de etanol diários, segundo o site da própria empresa. A unidade de Igarapava (SP) faz parte de pelo menos dois pactos de responsabilidade empresarial: o Compromisso Nacional para a Melhoria das Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, articulado pelo governo federal e lançado em junho de 2009, e o Protocolo Ambiental que faz parte do Programa Etanol Verde, do governo paulista, que concede certificados de boas práticas socioambientais a usinas e estabelece metas de redução de impactos.

Um quarto dos empregadores incluídos na atualização semestral da "lista suja" é do Oeste da Bahia, pólo de expansão do agronegócio nacional. Do total de 12, três são desta mesma região: José Alípio Fernandes da Silveira, que cultiva soja em São Desidério (BA); Nelson Luiz Roso e Ricardo Ferrigno Teixeira, que plantam algodão em Barreiras (BA). Quando da libertação das 82 pessoas (submetidas, segundo auditores, a condições degradantes e servidão por dívida na área de mais de 6 mil hectares) da Fazenda Campo Aberto, em março de 2007, Ricardo tinha como um de seus sócios Milton da Silva, pai do falecido piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna.As 67 libertações ocorridas em março de 2005, na Fazenda Roso, não impediram que o agricultor Nelson aparecesse com destaque na publicação promocional de uma empresa de máquinas agrícolas. Assim como José Alípio, dono da Fazenda Bananal, onde houve cinco libertações em maio de 2007, foi citado como exemplo de produtividade em divulgação de fertilizantes.Outro produtor de região de avanço do agronegócio adicionado ao rol dos infratores foi Cornélio Adriano Sanders, da Fazenda Progresso, em Uruçuí (PI). Em dezembro de 2005, ação fiscal encontrou vasilhames de produtos químicos sendo utilizados para armazenar a água consumida pelos arregimentados para limpar o terreno antes do plantio da monocultura de soja.

Inclusões e Exclusões da "Lista Suja" do Trabalho Escravo
Entraram em 31/12/2009

Carlos Luiz dos SantosCosan S/A – Indústria e Comércio
Dirceu Bottega
Francisco Antelius Servulo Vaz
Cornélio Adriano Sanders
José Agnelo Crozetta ME
José Alípio Fernandes da Silveira
José Pereira Miranda
Laticínio Vitória do Xingu S/ANelson Luiz Roso
Osvaldino dos Anjos de Souza
Ricardo Ferrigno Teixeira

2 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente uma liminar concedida em favor do grupo usineiro obrigou a retirada da Cosan da "Lista Suja", com isso ela continua apta a sacar empréstimos no BNDES, algo que não é permitido estando na citada lista. Assim caminha nosso sistema judiciário, após dois anos da denúncia a empresa paga uma multa pequena se comparada ao seu porte, e continua tendo os benefícios dos quais deveria estar restrita.

Anônimo disse...

Infelizmente uma liminar concedida em favor do grupo usineiro obrigou a retirada da Cosan da "Lista Suja", com isso ela continua apta a sacar empréstimos no BNDES, algo que não é permitido estando na citada lista. Assim caminha nosso sistema judiciário, após dois anos da denúncia a empresa paga uma multa pequena se comparada ao seu porte, e continua tendo os benefícios dos quais deveria estar restrita.