quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O que é que o povo quer?

Fernanda Abra em: Informação e Educação - o caminho para solução!

É o Cerrado em pé!


Já se passou uma semana do evento Povos do cerrado realizado em Brasília de 09 a 13 de setembro e esse evento não foi como todos os outros que participei. Desde o primeiro ano de faculdade de Biologia participei de encontros, simpósios e congressos puramente direcionados a questões ambientais.
Os povos do cerrado me marcaram muito - eu tinha o completo desconhecimento sobre o que era realmente uma luta do povo, e o cerrado é uma delas!
Pessoas de diferentes estados do centro oeste, sudeste, norte e nordeste estiveram no mesmo lugar com o mesmo propósito para gritar sobre o que está acontecendo com o nosso segundo maior bioma do país!
Uma senhora do Maranhão disse que por diversas vezes ela e sua comunidade se colacaram deitados fazendo um cordão humano para o trator da polícia federal não destruir suas plantações e casas. E eu não sabia que esse tipo de coisa era real.
As comunidades do povo do cerrado lutam diariamente contra a expansão da fronteira agrícola no cerrado, lutam contra o avanço do agronegócio, lutam contra a concetração de riquezas e desigualdade social.
Pois é, me deparei realmente com aquilo que ouvia falar sobre desigualdade social e concentração de riquezas. O que ouvi muito no encontro é que grupos internacionais de agronegócio do tipo S.A se instalam no nosso país em busca dos lucrosos retornos financeiros que a exploração do nosso cerrado lhes dá. Esses grupos que não tem rosto nem identidade não se preocupam com as comunidades tradicionais que já viviam muito antes de instalarem suas empresas e culturas monótonas (um novo termo pra monoculturas) e forçam órgãos governamentais e a polícia federal a retirar essas pessoas de suas casas.
Com todo esse problema com os indígenas, quilombolas, geraizeiros e sem terras o governo ainda não demarcou as terras dessas comunidades e continua com os olhos fechados e não fazem nada!
Talvez não seja interessante ($$$), não é?
Nossa, e eu achava que nunca tive o perfil em trabalhar com o "social" mais quando eu senti na pele a luta daquelas pessoas que de um dia pro outro perdiam as suas casas eu vesti a camisa!
No dia do Grito do Cerrado, vi uma multidão parando uma avenida de Brasília em direção do Congresso Nacional e as vozes se encontravam num só coro! Me comovi e me juntei aquelas vozes!
Quase invadimos o congresso nacional, mas tudo acabou de forma pacífica e o Senador Cristóvao Buarque nos ouviu e marcou uma reunião hoje pra atender uma comissão dos povos do Cerrado.

Quando será que a Pec que tanto queremos sairá? E quando o cerrado passará a ser devidamente respeitado? E quando aquelas comunidades tradicionais que tem tanta beleza e habilidade em trabalhar com a terra será ouvida?

Espero que em breve,
São os votos de um novo rosto que se junta a esssa luta!

E viva o cerrado!

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