terça-feira, 27 de outubro de 2009

Nós, a Água e a Floresta


Justiça Ambiental


“Num tribunal do Mississipi, o júri volta atrás do veredicto contra uma companhia acusada de despejar resíduos tóxicos no reservatório de água de uma cidadezinha, causando o maior boom de câncer da história - a empresa houvera apelado à Suprema Corte, composta por nove juízes. A questão é: quem eram eles? Como votaram? Algum deles poderia ser substituído após a decisão final? A política sempre foi um jogo sujo. Grisham mostra, agora, que a justiça também é.”

Iniciei este post com um pequeno resumo do livro “O Recurso”, best seller de John Grisham, para mostrar que, pela ficção que trata de situações possíveis, a realidade nos EUA, quando o assunto é justiça ambiental, pode não ser a maravilha que imaginamos.

É muito comum ouvir alguém dizer, quando o resultado não é o esperado ou está demorando muito para se ter a decisão, “se fosse nos EUA, o resultado seria outro!” Será?

Temos uma das legislações ambientais mais completas do mundo. É claro que temos problemas, uma vez que o Direito Ambiental é matéria nova e temos um número bastante limitado de especialistas no setor. Para trabalhar com Direito Ambiental, o ideal seria ir a campo literalmente, pois fica difícil entender os meandros da matéria atrás de uma mesa. Por experiência própria, devo confessar que passei a entender meio ambiente, fazendo vistorias, convivendo com biólogos, engenheiros florestais e agrônomos, trabalhando com ONGs e educação ambiental. Isto me ajudou muito a entender melhor a legislação ambiental.

Mas, além da falta de especialização de nossos profissionais de direito, existe também o papel dos próprios interessados. Quantas vezes os atingidos pelo dano ambiental recusam-se a acionar os infratores, pois temem perder o emprego? Esta é uma realidade triste, consequência de falta de informação, mas é nossa realidade.

Nós ,profissionais do Direito, preocupados com a cidadania ambiental, estamos tralhando para melhorar. É um processo demorado, nem sempre gratificante, mas vale a persistência e a colaboração de todos.

Quem gosta de ler (sem esperar uma grande obra literária), sugiro “O Recurso”, mas prepare-se: não há um final feliz.


Abraços

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