terça-feira, 23 de junho de 2009

Nós, a Água e a Floresta

Existe benefício no desmatamento?

O relato sobre a apresentação de um pesquisador no 11º Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA), no dia 20, em Goiás, chamou minha atenção.
O pesquisador, doutor em economia, defende os benefícios do desmatamento, “argumentando que não se pode falar em meio ambiente sem levar em conta as vantagens econômicas do desmatamento” e que, “na maioria das vezes há relação direta entre devastação e ganhos econômicos, como no norte de Mato Grosso, região que enriqueceu com base na produção de soja em larga escala”, concluindo que “o desmatamento não tem só custos. Tem benefícios. É fundamental ter noção dos benefícios”.
É evidente que não concordo com os argumentos apresentados, também não estive presente no evento e tenho apenas o ponto de vista da jornalista responsável pela matéria, porém há nesta questão alguns pontos a ser considerados.
A pessoa humana precisa de alimento, seja ele de origem vegetal ou animal, e de moradia. A construção das cidades e as lavouras não podem ser feitas sem que haja desmatamento. O escoamento da produção e a comunicação entre os povos necessitam de estradas! O problema é a forma como isto se dá. A necessidade da manutenção da biodiversidade é inquestionável, bem como da proteção de nossos mananciais. Nossos morros e montanhas também precisam da proteção da vegetação. A não observação destes detalhes irá refletir na qualidade de vida de toda população.
Impactos ambientais são impossíveis de se evitar. Os naturais não interferem no equilíbrio ecológico. Mas até mesmo os impactos considerados naturais podem ter interferência das ações humanas. Neste caso, o equilíbrio será afetado. Por outro lado, e muito mais sérios, estão os impactos causados diretamente por ações antrópicas. Aí, é preciso atenção especial, para evitar danos irreversíveis.
Como fazer para impedir que ações necessárias à continuidade da vida humana nos padrões atuais venham a causar danos cujas conseqüências impactem negativamente na qualidade de vida em todas as suas formas?
Primeiro, precisamos de pesquisadores comprometidos com o bem geral que possam orientar os legisladores a criar leis que protejam o meio ambiente de forma eficaz, sem comprometer um justo desenvolvimento econômico, ou seja, buscar um desenvolvimento sustentável.
Mas precisamos também que todos estejam comprometidos (isto também se aplica ao Poder Público, especialmente os legisladores e aplicadores do Direito), cientes de seus diretos e deveres ambientais, havendo punições sérias para aqueles que não cumpram com suas obrigações, colocando em risco a vida das presentes e futuras gerações.
Por isto, precisamos ficar atentos a ações como a MP 458, citada no post da Ivy, o Projeto de Lei para alteração do Código Florestal e outras do gênero.
A batalha é árida, mas não está vencida. Vamos à luta, pessoal!
Um abraço cansado, mas, ainda assim, bastante forte.

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