sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A História das Coisas



Mitos e 1/2s Ambientes - Ani e Camis.


Salve, Salve! Gente, hoje eu e a Ani convidamos um amigo para postar aqui no blog. O Saulo, trouxe uma idéia bacana, e o lugar de idéias bacanas envolvendo uma consciência inteligente é aqui, no nosso blog. Bom, eu passo a bola pro Saulo, então!

Olá, pessoal!

Meu nome é Saulo, e sou colaborador do Instituto Vidágua.

Vim fazer uma participação especial hoje aqui no blog, à pedido da Ani!

É com alegria que trago pra este espaço um breve documentário de 21 minutos, de cunho, obviamente, ambientalista. Mas não o julguem pelo seu tamanho. A História das Coisas me surpreendeu e surpreenderá a muitos que ainda não o viram pelo seu conteúdo bastante didático sobre as “nuances” do processo de produção da grande maioria das coisas que consumimos no dia-a-dia.

A autora, a estadunidense Annie Leonard, conseguiu elaborar um vídeo com absolutamente nenhum recurso gráfico avançado, a não ser desenhos animados muito simples, porém com uma profundidade nada simples.

O vídeo traz, ao longo da explicação, uma claridade grande à escuridão por trás da nossa falta de questionar o mundo consumista que inevitavelmente fazemos parte. E permite, no final, uma sensação de motivação, uma sensação de que “devo fazer alguma coisa AGORA!”

O enfoque do documentário está em nos alertar que há coisas para além do que imaginamos existir no simples processo “Extração-produção-distribuição-consumo-lixo”. E o melhor de tudo é que sua linguagem simples permite o entendimento de crianças, e talvez a escolha do desenho animado seja justificada por isso.

A autora nos faz LEMBRAR que nós vivemos num sistema interligado, interdependente, e que, cedo ou tarde, nossas ações afetarão alguma parte do sistema em geral – e inclusive nós mesmos –, sendo que o retorno vem de maneira positiva ou negativa. Depende apenas da nossa contribuição. As conseqüências, afinal, dependem apenas das causas.

Einstein uma vez disse: "A vida é como jogar uma bola na parede. Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul, se for jogada uma bola verde, ela voltará verde, se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca, se a bola for jogada com força, ela voltará com força. Por isso, nunca jogue uma bola na vida de forma que você não esteja pronto a recebê-la."

A história das coisas é que estamos jogando uma bola de consumo para dentro de nossas vidas, só que a maior parte de nós não está atenta ao fato de que esses “produtos finais” são resultado de um processo que quem está pagando, no fim das contas, é o nosso planeta, sim, a Terra, Gaia. Não somos nós que pagamos pelos produtos que compramos. Nós pagamos, em geral, um valor que representa apenas pequena parte do verdadeiro valor e do verdadeiro custo: a destruição e a exaustão quase irreversível dos meios ecossistêmicos terrestres.

Este é um custo, que, sem dúvida, poucos estão querendo pagar, ou carregar nos ombros, pois parece pesado demais... No vídeo, a autora nos mostra que nos EUA restam apenas 4% das florestas originais: QUATRO POR CENTO. Mas é preciso extrair mais e mais para se produzir as coisas mais inúteis possíveis, coisas que se tornarão obsoletas rapidamente, e, por isso, você é levado a comprar novamente: para jamais ficar para trás. O problema é que, como os países desenvolvidos, principalmente os EUA já dispõem de poucos recursos em seus próprios territórios, e os governos estão de joelhos para as corporações, os exploradores são obrigados a mudar seu foco de destruição, no caso, para os países pobres, ou em desenvolvimento, como o Brasil.

E logo logo, se não nos levantarmos e esticarmos nossos joelhos, nós perderemos as chances de viver no meio natural que ainda nos resta. Nós, brasileiros, podemos dizer que estamos numa situação mais privilegiada, de tantos recursos disponíveis que parecemos ter, no entanto é só uma questão de verificar o ritmo impressionante de degradação que se desenrola, mais precisamente, na região amazônica, algo que o pessoal do Vidágua sabe muito bem. E não só da destruição das florestas, mas também de minérios que o Brasil dispõe em grande quantidade, como o Nióbio(http://www.roraimaemfoco.com/site/content/view/1043/50/).

A questão é que, de uma forma ou de outra, estamos perdendo cada vez mais o contato e, de fato, a relação com os nossos meios naturais. Em 50 anos, o número de moradores urbanos mais do que quadruplicou, e isso significa que, se você mora na cidade, você perde, conseqüentemente, o usufruto de recursos básicos que você pode ter na zona rural gratuitamente. Entretanto, as pessoas se acostumaram de tal forma com as cidades que nem param pra pensar no que estão perdendo... No meio natural a nossa vida pode ser quase 100% auto-suficiente. O que dizer para as crianças, então? Viver correndo pelos campos, se divertindo com os animais, colhendo frutas no pomar... Na cidade, às crianças, é requerida uma boa formação, por isso vão às aulas de informática, aulas disso, aulas daquilo, cursos disso, cursos daquilo, para que sejam “bem formadas”, para então ganhar todo o dindin: e dizimar o planeta com o seu pretensioso estilo de vida.

Nas cidades as pessoas têm que trabalhar como loucas para pagar suas contas e comprar “coisas” que tem gratuitamente no campo. Algumas trabalham ainda mais para comprar mansões suntuosas – mas que nunca usam porque estão sempre trabalhando – e comprar carros importados pra ficar preso no trânsito a caminho do trabalho e, naturalmente, comprar muitos remédios, porque esse estilo de vida deve acabar com a saúde. As pessoas ficaram malucas ou o quê?

Talvez esse seja um bom momento pra ter a chance de divulgar o vídeo aqui, esse momento de crise financeira. Esta crise talvez seja um sintoma, apenas um sinal, de que a maioria de nós será forçada a tomar uma escolha: se entregar ao valor artificial da moeda de vez, ou se entregar aos valores de sustentabilidade que verdadeiramente integram o homem e a sociedade. É fato que o homem adormeceu de tal modo à símbolos de valor artificiais que ele não vê que a moeda-que-compra-tudo não é suficiente para o definir e representar. É quase como dizer que, se você não é um consumidor, você não tem qualquer valor. O seu valor é medido pelas coisas que você consome. A moeda se tornou um objetivo quantitativo que se distancia dos nossos valores naturais, que são qualitativos. Nós nos acostumamos com – falsa – idéia de que o valor intrínseco do nosso sucesso é representado pela quantidade de dinheiro, e não pela qualidade de dinheiro. Se caso esta crise piore ainda mais, ela também levará as pessoas a se questionarem quanto ao que elas tem contribuído para o mundo, do modo como elas tem contribuído. A “queda” é certamente terrível para todos nós. Todos seríamos muito afetados, já que a economia também é um sistema interligado. Contudo, por outro lado, a quebra seria boa no sentido de que, além de levar as pessoas a refletirem mais sobre o que elas têm feito para a vida do planeta, as levará a um maior nível de contato com o meio natural.

Pode ser que esta “previsão” esteja totalmente equivocada, porém, o modo como os próprios eventos da natureza estão mostrando a sua cara, levará, ao menos, os mais espertos a se questionarem, na medida em que as mentiras forem expostas, e não encobertas; na medida em que os erros dos “grandes” forem reconhecidos e divulgados, e não enterrados; na medida em que aqueles que escondem esqueletos em seus armários, forem desmascarados. Parece utópico e fantasioso pensar que isso uma hora acontecerá, perante tantas dificuldades, ante tantos obstáculos, mas apenas parece fantasioso porque poucos estão contribuindo e poucos estão conscientes do ponto que chegamos. Na medida em que mais e mais pessoas se tornarem alertas, através de pequenos-grandes feitos como esse documentário, isso será possível, pois depende apenas da contribuição de cada um. E se muitos contribuírem, SABENDO o que acontece com as coisas que produzimos, consumimos e jogamos fora para fazer tudo isso de novo... é possível.

Particularmente, tenho noção das dificuldades, pois quanto mais trabalhamos para contribuir com uma coisa positiva, na mesma proporção encontramos bloqueios, e por vezes resultados não satisfatórios. Mas como eu comentei o outro dia com a Ani, as coisas reais, verdadeiras, não acontecem de uma hora para outra. A bola – a semente que plantamos – sempre volta. Pode demorar, porque o mundo é muito grande, e a gente tem pressa demais... Entretanto, “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

O que devemos levar até os mais diversos públicos é a compreensão das implicações de seus atos; a compreensão de que o velho sistema de gerir nossas coisas materiais não poderá continuar por mais muito tempo, do contrário, quem não continuará por muito mais tempo por aqui, seremos nós. Se nós criamos algo insano, nós temos todo o poder para criar algo mais sensato, usando as novas perspectivas de sustentabilidade e equidade.

Como eu ouvi dizer uma vez, “os grandes só se parecem grandes porque nós estamos ajoelhados”. A escolha de manter um sistema linear – absolutamente doentio – da “economia de materiais”, apenas porque grandes corporações estão se favorecendo com isso em detrimento da crescente infelicidade, é somente nossa. É possível escolher algo mais humano, mais natural, mais verdadeiramente sustentável. Não uma sustentabilidade de fachada, como acontece com boa parte das empresas. É preciso levar às consciências de todos, se cada um está ciente da qualidade de seus atos. Não adianta fazer a coisa certa sem você saber que isso é certo por uma – grande – razão: a razão é a sua sobrevivência e a do seu planeta.

O que te levou a realizar determinado ato? Você o fez porque alguém te pediu pra fazer, e você agiu como um robô, ou você refletiu em seu interior e pensou que "se eu fizer isto, estarei pronto, mais do que pronto, para arcar com as conseqüências futuras, sejam elas quais forem – positivas ou negativas; se eu fizer a minha parte, da maneira correta, de modo que eu não contribua para algo degradante, não esperarei que os outros façam minha parte por mim”. É necessário que essa mentalidade chegue até todos, caso queiramos ter um planeta saudável novamente. O documentário nos faz pensar nisso, principalmente por ser, de alguma forma, direcionado às crianças, que ainda não estão completamente contaminadas com a maneira geral dos adultos e de muitos ditos "instruídos" levarem suas vidas: impensadamente e, por isso, inconseqüentemente.

É isso aí! Aproveitem!

Até a próxima galera!

Abraços

Saulo.


Aqui está o link do vídeo no google: http://video.google.com/videoplay?docid=-7568664880564855303&hl=en


Nenhum comentário: